terça-feira, 1 de novembro de 2011

POEMA QUASE NOVO, DE IGOR PABLO


POEMA (QUASE) NOVO
                         Aos meus amigos Poetas

Ano
novo
Vida
Velha

Poema
novo
velho
dilema

Ser
Poeta
ou Ser
apenas?

Sebastião Ribeiro diz:

Neste instante não sou muito mais que um universitário que se esquece de suas ‘prioridades’ para falar de um poema (de um) amigo. Creio que o Sr. Igor-Pablo andava às voltas com pensamentos sobre inalcançabilidades e tautologias no discernimento poético, e logo mais embaixo deste, sobre o seio da vida que busca se entender.

A primeira vez que li seu POEMA (QUASE) NOVO, a impressão e sensação que tive foi a de uma notícia reincidente; num poeta ‘novo’ já se acumula um musgo habitual aos hodiernos homens perseguidores da prática dita poética. Entretanto, não o fez de qualquer forma: conseguiu realizá-lo sintética e consistentemente. Em especial aos acostumados com o métier, o poema surge e estaciona na respiração de modo que não consigo esboçar sequer um ou dois porquês.

Por partes:

a.  Ano
    novo
    Vida
    Velha

O feito dum alpinista concretiza o que no poeta, geralmente, é interno, recôndito e preservado, porém não fácil de lidar. Já diz Bowie, ‘Time may change me, but I can’t trace time’. Como poeta, reconheço a existência do duelo tempo & escrito. Estranho mesmo, hoje em dia, é a existência da rotina, encalçada no tempo, destinando-o ao escrito. Será a Vida Velha que Igor cita, o escrito rotineiro, quem sabe a rotina do escrito? Ou será nossa impressão de tempo puído e corrente ao fim, gozado de disfarces, prazeres? Seu Ano Novo sobre esta Vida Velha, será o clichê da esperança sobre a realidade-estante? Devido à seriedade da circunstância, que é clichê neste mundo, mesmo? 

b.  Poema
     novo
     velho
     dilema


A novidade... já não é novidade, concordam? Das coisas pertencentes num primeiro instante aos poetas, um poema a se fazer supõe mais que uma nova mensagem; implica um novo processo comunicativo, mais que num nível linguístico de coisas. Igor, mesmo que não aparentemente, neste poema ousou a favor da indissociabilidade escritor-escritura, em todos os aspectos, especialmente ao que diz respeito a como um ARTISTA propõe suas ações de vida. Mas, importante frisar: o problema aqui não é somente  meta-poético ou meta-autoral; é uma questão de comunicação humana, além de comunidades nacionais ou linguageiras. Gostaria de entregar o velho dilema do Sr. Igor além da situação dos Drummonds da vida, que se repetem em lutas com palavras vãs, que embora lutas, mal rompem a manhã; a luta, essencialmente, é pela possibilidade de aceitação de sua mensagem como artistas num espaço no Universo geralmente mal configurado para a entrega. Esta situação piora quando da vida em províncias.

c.  Ser
 Poeta
 ou Ser
 apenas?

Embalado por possibilidades do comentário sobre o quarteto anterior, sei o presente como natural extensão daquele. Sei-o como busca de identidade do que é poético – ou mesmo do QUE é poeta – neste ambiente (como C. F. Moisés considera) tecnocrático. Este mesmo ambiente que repulsa é o que favorece o desejo & a necessidade de se construir uma expressão objetiva do que resta de humano ou do que é humano e  permanece pendurado em postes e prédios e casas e escolas e calçadas e fábricas e campos de futebol e revistas e livros de auto-ajuda e prostíbulos e bares e espaçonaves etc – enfim, expressão objetiva pela subjetividade, ou seja, condição de expressão do recôndito existente – não, por favor, do indizível. Expressão do que nos move, mesmo que seja o dinheiro. E, adivinhem quem é a figura social mais próxima disto? O artista. E o artista, quando poeta, dispõe apenas de palavras em terrenos dominados pela atração e excitação dos sentidos: imagens, cheiros, gostos, toques, sons. O poema, geralmente, e quando ainda permanece poema, permeia cerca de somente 50% de cada um destes itens, quando o que QUEREMOS é prazer intenso, prolongado e estocável. O poeta é um técnico, porém, conta com menos ferramentas que tornem possível seu trabalho ressurgir em outdoors, geladeiras, carteiras e comerciais de TV pelo mundo. Agora, que fazer com a condição de humano do poeta? Absorvê-la ou drená-la? Remarcá-la ou arrancá-la?  Relativizá-la, sugiro. Mas, Igor ainda lhe faz uma pergunta...

Um comentário:

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