POEMA (QUASE) NOVO
Aos meus amigos Poetas
Ano
novo
Vida
Velha
Poema
novo
velho
dilema
Ser
Poeta
ou Ser
apenas?
Sebastião Ribeiro diz:
Neste instante não sou muito mais que um universitário que se esquece de suas ‘prioridades’ para falar de um poema (de um) amigo. Creio que o Sr. Igor-Pablo andava às voltas com pensamentos sobre inalcançabilidades e tautologias no discernimento poético, e logo mais embaixo deste, sobre o seio da vida que busca se entender.
A primeira vez que li seu POEMA (QUASE) NOVO, a impressão e sensação que tive foi a de uma notícia reincidente; num poeta ‘novo’ já se acumula um musgo habitual aos hodiernos homens perseguidores da prática dita poética. Entretanto, não o fez de qualquer forma: conseguiu realizá-lo sintética e consistentemente. Em especial aos acostumados com o métier, o poema surge e estaciona na respiração de modo que não consigo esboçar sequer um ou dois porquês.
Por partes:
a. Ano
novo
Vida
Velha
O feito dum alpinista concretiza o que no poeta, geralmente, é interno, recôndito e preservado, porém não fácil de lidar. Já diz Bowie, ‘Time may change me, but I can’t trace time’. Como poeta, reconheço a existência do duelo tempo & escrito. Estranho mesmo, hoje em dia, é a existência da rotina, encalçada no tempo, destinando-o ao escrito. Será a Vida Velha que Igor cita, o escrito rotineiro, quem sabe a rotina do escrito? Ou será nossa impressão de tempo puído e corrente ao fim, gozado de disfarces, prazeres? Seu Ano Novo sobre esta Vida Velha, será o clichê da esperança sobre a realidade-estante? Devido à seriedade da circunstância, que é clichê neste mundo, mesmo?
b. Poema
novo
velho
dilema
A novidade... já não é novidade, concordam? Das coisas pertencentes num primeiro instante aos poetas, um poema a se fazer supõe mais que uma nova mensagem; implica um novo processo comunicativo, mais que num nível linguístico de coisas. Igor, mesmo que não aparentemente, neste poema ousou a favor da indissociabilidade escritor-escritura, em todos os aspectos, especialmente ao que diz respeito a como um ARTISTA propõe suas ações de vida. Mas, importante frisar: o problema aqui não é somente meta-poético ou meta-autoral; é uma questão de comunicação humana, além de comunidades nacionais ou linguageiras. Gostaria de entregar o velho dilema do Sr. Igor além da situação dos Drummonds da vida, que se repetem em lutas com palavras vãs, que embora lutas, mal rompem a manhã; a luta, essencialmente, é pela possibilidade de aceitação de sua mensagem como artistas num espaço no Universo geralmente mal configurado para a entrega. Esta situação piora quando da vida em províncias.
c. Ser
Poeta
ou Ser
apenas?
Embalado por possibilidades do comentário sobre o quarteto anterior, sei o presente como natural extensão daquele. Sei-o como busca de identidade do que é poético – ou mesmo do QUE é poeta – neste ambiente (como C. F. Moisés considera) tecnocrático. Este mesmo ambiente que repulsa é o que favorece o desejo & a necessidade de se construir uma expressão objetiva do que resta de humano ou do que é humano e permanece pendurado em postes e prédios e casas e escolas e calçadas e fábricas e campos de futebol e revistas e livros de auto-ajuda e prostíbulos e bares e espaçonaves etc – enfim, expressão objetiva pela subjetividade, ou seja, condição de expressão do recôndito existente – não, por favor, do indizível. Expressão do que nos move, mesmo que seja o dinheiro. E, adivinhem quem é a figura social mais próxima disto? O artista. E o artista, quando poeta, dispõe apenas de palavras em terrenos dominados pela atração e excitação dos sentidos: imagens, cheiros, gostos, toques, sons. O poema, geralmente, e quando ainda permanece poema, permeia cerca de somente 50% de cada um destes itens, quando o que QUEREMOS é prazer intenso, prolongado e estocável. O poeta é um técnico, porém, conta com menos ferramentas que tornem possível seu trabalho ressurgir em outdoors, geladeiras, carteiras e comerciais de TV pelo mundo. Agora, que fazer com a condição de humano do poeta? Absorvê-la ou drená-la? Remarcá-la ou arrancá-la? Relativizá-la, sugiro. Mas, Igor ainda lhe faz uma pergunta...
Será que algo é real
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